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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Mãe...mas pouco

Imaginem o seguinte cenário: um carro parado em frente ao portão de uma escola. (até aqui tudo bem) Lá dentro, duas crianças muito pequenas (e por pequenas, quero dizer uma de 1 ano e pouco e outra com poucos meses) SOZINHAS, com as portas destrancadas... Pois...parece irreal, mas aconteceu hoje, na minha escola! Deparei-me com este cenário deplorável quando cheguei. Estava tão incrédula que espreitei para dentro do carro para perceber se estava a ver bem, e estava! Ali fiquei por cerca de 5 minutos (não fazendo ideia de há quanto tempo estariam ali, já), olhando para todos os lados e incapaz de arredar pé dali, deixando aquelas pobres e indefesas crianças à sua sorte. Decidi chamar a senhora da papelaria (ao lado da escola) que me disse que eram filhos de uma rapariga, que tem uma outra filha e que a foi só levar ao infantário. Escancarei os olhos com a explicação, pois não me serviu! A escola tem funcionários. E uma bela de uma campainha com intercomunicador. Iriam buscar a menina em questão sem qualquer tipo de problema. Contudo fui advertida "Professora, não diga nada que ela é muito malcriada e ainda a trata mal." Deixei-me ficar ao pé do carro até a "mãe" chegar. Mostrei-lhe o meu olhar de reprovação, que ela simplesmente ignorou. Fui directa à educadora da filha dela e expliquei a situação, que foi tida em consideração e será exposta numa reunião com a "mãe". Afinal, a família já está sinalizada como família de risco. E que risco! Mas verificar, fiscalizar, acompanhar...isso já é outra conversa!
Ultimamente tenho-me deparado com estas histórias de mães que não sabem ser mães...de mães que apregoam  amar namorados mais do que amam os filhos, de mães imprudentes e descuidadas. Quero muito ser mãe, e vejo esse sonho dificultado, o que muito me entristece. Não sou ninguém, até porque não tenho a experiência da maternidade, para dizer o que é ser mãe, mas tenho todo o direito de me revoltar com este tipo de comportamentos. Há pessoas a ter filhos pelos motivos mais errados. Aqui mesmo na zona onde vivo e trabalho, tenho exemplos de mulheres que têm filhos para agarrar os maridos que as traem, que têm filhos para receberem rendimentos mínimos e afins (como se Portugal fosse a Alemanha ou o Luxemburgo e isso desse uma fortuna), que têm filhos porque a amiga também teve e não querem ficar atrás...enfim...um sem número de razões que depois põem em risco o bem estar físico e emocional destas pobres crianças que não pediram para nascer. Chego à conclusão que o dom da maternidade não deveria ser dado a muito boa gente, que não o sabe valorizar e perceber do tesouro que recebem quando têm um filho...
Afinal, o que é isto de ser mãe?

6 comentários:

  1. Tens toda a razão...infelizmente muitas pessoas não sabem o que isso é e nem sequer se esforçam por saber. Uma criança não é um acessório nem uma "responsabilidade" e embora seja parte de nós, não é igual a nós. Tem sentimentos, fantasias, desejos e mágoas e tem personalidade, é uma pessoa pequenina. Cabe-nos a nós, adultos, acolhe-las, orientá-las e abrir-lhe caminhos sem nunca as abafar. É impossível sermos perfeitas mas podemos dar sempre o nosso melhor todos os dias.

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  2. Não podia estar mais de acordo com tudo o que escreveste.Mulheres que amam mais os namorados do que os filhos??parece me irreal,eu não sou mãe mas sou tia e não imagino sentir algo mais forte do que o amor que tenho pelas minhas sobrinhas por isso imagino como será amar como mãe,deveria ser algo de grandioso e único mas infelizmente nem todas as mulheres sabem aproveitar o acto de serem mães.Infelizmente a vida é injusta,há as que o são mas não sabem ser e as que tem tudo para ser excelentes mães e não o conseguem.

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  3. Já diz o ditado: 'Deus dá nozes a quem não tem dentes' :(

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  4. My dear, o que eu me pergunto é como é que há famílias assim com pelo menos 3 filhos! Sendo "de risco". Já não o eram antes?? 3 filhos para quê?? Sério. Um não bastava? Para ter esse tipo de atenção descuidada. Acho que fez muito bem em ficar perto do carro, não que seja uma obrigação sua. Se fosse uma vez por outra que isso tivesse acontecido, mas não... e andamos nós a pagar a seg social a essas famílias. Raios...

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  5. São situações quase impensáveis ...por coincidencia, no dia seguinte presenciei a mesma situação e logo tive de intervir. Alertada a mãe da sua irresponsabilidade, encontramos forma de a ajudar. Assim, se pode apoiar as famílias nas suas dificuldades,.

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  6. Infelizmente nem só nas familias menos esclarecidas ou de menor capacidade financeira isso acontece. Lembro-me sempre de uma entrevista da falecida (RIP) Maria José Nogueira Pinto onde ela referia que muito naturalmente e embora os filhos fossem pequenas e por isso tenham ficado cá, ela seguiu com o marido para o Ultramar quando este ali foi colocado, porque o seu primeiro amor e o seu dever era acompanhar o marido!!!
    Lembro-me de outros casos de pobres meninos ricos, criados por empregadas a quem nada falta a não ser o acompanhamento e o amor.
    Desculpem-me mas não compreendo. Sou mãe (há 18 anos) e hoje como sempre o meu maior amor é o meu filho a quem asseguro todos os dias que, mesmo quando ele tiver 50 anos ainda me caberá no colo. Não, não está hiper protegido, é independente, confiante e seuro de si, bastante autónomo como todas as crianças que se sabem amadas.

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