Muitas vezes me pergunto o que acontece aos nossos ideais quando nos tornamos pais. E esta minha pergunta, que começa a repetir-se mais vezes do que gostaria, assombra-me sempre que me lembro que ainda não sou mãe, e gostava, mas que tenho ideais de educação que não queria perder. Talvez por trabalhar numa escola esteja numa posição onde, mais frequentemente, me deparo com questões parentais que me deixam de cabelos em pé. Acho que cada vez mais os pais de hoje (leia-se a minha geração) se preocupam mais em serem fixes, e amigos dos filhos do que propriamente em serem pais, educarem, passarem valores e afins. Não que para isso seja necessário distanciamento, frieza, falta de afetos...logo eu que sou toda a favor dos afetos! Mas pais devem, acima de tudo, ser pais! "Não" é uma palavra que DEVE ser usada, para evitar maus hábitos, pois no decorrer da vida, os filhos vão ouvir muitos nãos..."Porque eu é que sei!" é uma resposta aceitável e não deixa mazelas irreversíveis, nem tão pouco vai transformar os anjinhos em demónios revoltados...Numa época em que tudo tem de ser explicado, todas as decisões, todas as respostas esmiuçadas...Numa altura em que os pais se endividam para que os filhos sejam como os outros, em que têm só um filho para lhe poderem dar tudo, em que permitem respostas azedas como se de uma converseta entre amigos se tratasse, preocupa-me que também eu me transforme numa mãe metida a amiga e companheira e me esqueça dos nãos e dos porque eu é que sei...
Que fenómeno será esse, que nos transforma a partir do momento em que nos tornamos pais, responsáveis por alguém? Que fenómeno nos faz relevar todo o tipo de má educação? Que artes mágicas nos fazem esquecer dos planos traçados para a educação dos filhos?