leram-me

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

David e Rosa

Hoje não podia deixar de partilhar a mais bela história de amor, que tive o privilégio de acompanhar. Esta é a prova de que o amor verdadeiro existe. E o para sempre também. Será para todos? Isso já é tema para outra conversa.
David e Rosa foram os meus bisavós. Casaram cedo. Optaram por receber todos os filhos que Deus lhes quis dar, pois acreditavam que era uma dádiva receber uma criança (e se é!). Passaram, pois, por muitas dificuldades. A bivó esteve sempre em casa a cuidar dos filhos, ou  a trabalhar no campo. O bivô chegou a ir para França, uma temporada, mas não aguentou muito tempo.  Amavam-se loucamente. Eram opostos...mas afinal diz-se que os opostos se atraem. Acho que foram eles que provaram essa teoria popular. Ela era extrovertida, de sorriso fácil (tenho a quem sair), gostava de conversar e de dançar! Como gostava de dançar. Dava conselhos. Quem falava com ela tinha a certeza que era uma pessoa à frente do seu tempo. Ele era reservado. De poucas conversas. Fumava os seus cigarros, um atrás do outro. Gostava de ir ao café. Não acompanhava a mulher aos bailaricos, que não era coisa para ele. Mas deixava-a ir sozinha. O que para a altura era uma escandaleira. Mas confiavam um no outro, cegamente. Tiveram 13 filhos! Esses filhos tiveram os seus filhos. Juntaram 60 netos! Os netos também tiveram os seus filhos. Reuniram mais de 30 bisnetos! A família era tudo para estes dois seres que se multiplicaram, que ensinaram os verdadeiros valores a todos os filhos, que viveram honestamente e com dificuldades, mas sempre, sempre felizes! Também sempre, mas sempre, durante a eternidade da sua união, o bivô chegava a casa e dizia um tímido "Olá meu amor!". A resposta, mais sonora, simpática e cheia de vivacidade, fazia-se sentir de imediato "Olá amor meu!" Foi assim, sempre...todos os dias, sem falhar um único! Nunca os vi zangados. Tinham as tarefas bem delineadas. Gostavam de gostar um do outro. Respeitavam o espaço um do outro. Cuidavam um do outro. Amavam-se como nunca vi amar outro alguém. Viveram uma vida longa. 90 anos é afinal muito tempo...mas pouco para quem ama tão voraz e intensamente. O bivô adoeceu. Cancro. Maldito cancro. A bivó ficou confusa. Alzheimer! Começou a parecer ausente, sem a mesma alegria de viver. O bivô partiu... passaram 3 semanas...e a bivó juntou-se a ele! Quando o lugar de duas almas é ao lado uma da outra, não há nada que as separe. Nem mesmo a morte. 

4 comentários:

  1. Olá!
    Que história linda,fiquei emocionada.
    Minha mãe tem 75 anos e o namorado dela tem 81.
    São felizes.
    Grande abraço
    se cuida

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  2. Que belíssima história de amor...há amores tímidos,extrovertidos,pessoas que sendo tão diferentes nas suas expressões parecem partilhar de um mesmo código, de uma tal cumplicidade que enche o ar de gritos de amor mesmo quando os casais o silenciam e amo-te parece estar na esfera do indizível...revi-me na tua história porque era este o tipo de amor que unia os meus avós...
    Há sentimentos que queremos que se perpetuem como se de uma herança preciosa se tratasse: o cuidar do outro sem deixar de ser Eu e amando-se na diferença!
    Beijinhos

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  3. bem ate fiquei arrepiada su*
    bem que historia **

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