leram-me

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Côderosa

Ontem o dia amanheceu cinzento. Emaranhada nas horas apressadas e nos meus próprios dramas, dignos da profissão que escolhi e não só, embrenhei-me num semblante fechado e pesaroso...tive o pior dos sentimentos por mim própria...senti pena da minha fraca sorte e chorei pelos meus problemas tão tão graves...senti-me farta de lutar por aquilo que me move, senti que nada na minha vida fazia sentido...depois parei, li a notícia do fim da luta da "nossa" Nonô...a Princesa Guerreira que deu tantas vezes cor aos meus dias, sem sequer imaginar que o fazia...pintou-os de côderosa...fez-me "acordar" e perceber que, se ela, com tão poucos anos de vida e uma força incomensurável aceitava a sua "sorte" e ainda sorria um sorriso encantador, então eu não tinha nada do que me queixar. Ontem, mais uma vez senti vergonha da minha auto comiseração...tal como de todas as vezes que acordava mais triste e lia mais um texto da Mãe Vanessa, essa lutadora imparável, de amor inesgotável pela sua menina, que também já era um pouco nossa. Sei que pode parecer parvo o que vou dizer, mas hoje sinto que perdi alguém que me era muito próximo, talvez por acompanhar a sua luta a par e passo. O nó na garganta instalou-se para ficar e sinto tanta pena de saber que não vou ler textos sobre as melhoras da Nonô, sobre o regresso a Portugal e as idas à praia ou ao jardim, do crescimento do cabelo e dos penteados fashion, dos laços côderosa, que lhe ficavam tão bem...da cura e da ida para a escola, onde se sentiria apenas mais uma criança.
A Nonô viveu uma vida curta...mas encheu a vida de muita gente de esperança e ensinou-nos a aceitar e sorrir!
Hoje o dia voltou a amanhecer cinzento, mas prefiro vê-lo em tons de côderosa...