leram-me

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Onde estás, Rui?

Lembro-me do choque que senti quando, pela primeira vez a mãe Filomena, desesperada, apelava para que lhe devolvessem o seu filho. Lembro-me de ver a minha mãe chorar a olhar para a televisão e dizer-me "Preferia ver-te morta, do que não saber o teu paradeiro...". Lembro-me de pensar o que estaria a sentir aquele menino, longe de casa, da família, sem saber qual seria o seu destino. Lembro-me de, apenas um ano depois, ouvir sobre o rapto de outro Rui, Rui Pereira...este aqui da terra...e do mesmo desespero no olhar da mãe!
13 anos passaram. Nos olhares destas mães existe apenas um grande vazio, como se a vida tivesse ficado em suspenso, como se tivessem sido anestesiadas, anestesia essa que não tirou a dor mas as deixou sem reacção. A impotência, imprópria do papel de mãe, transborda-lhes de todos os poros e penso que será isso mesmo que as esmaga a cada dia e as vai matando, a cada segundo. Por outro lado, como se sentirão estes meninos, que se fizeram homens, longe de todos? Estarão vivos? O que terão passado durante estes penosos anos? De que terão sido vítimas? Será que baixaram os braços? Será que se resignaram à sua má sorte? Ou será que continuam com a mesma esperança que as mães e aguardam apenas o momento certo para conseguirem escapar de quem os roubou? 

1 comentário:

  1. deve ser um desespero atroz não saber se estão vivos ou mortos [..] deve ser uma tristeza difícil de passar um dia "perder" um filho assim

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