leram-me

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Família

Nasci no seio de uma família grande e unida. 
Morreu a minha avó...ficou outra para me acarinhar!
Com a morte da minha avô, ganhei 8 irmãos-tios, que a minha mãe, enquanto filha mais velha, ajudou a criar. Para uma filha única, foi melhor que o Euromilhões!
O Natal era uma constante festa, sempre com mais de 20 pessoas a cantar e a jogar, numa altura em que um presente bastava para fazer qualquer criança feliz! 
Os tios-irmãos zangaram-se. Voltei de repente a ser filha única, com a certeza que alguns seriam para sempre mais do que irmãos!
A outra avó parou de acarinhar presencialmente, por motivos religiosos levados ao extremo. Tinha avó, mas não tinha, o que me deixava triste e amargurada...mas nunca fiz nada para mudar o curso das coisas. E logo eu que tenho de dizer tudo o que não me passa na garganta! Nunca vou saber o que teria acontecido se o tivesse feito...
A avó ficou gravemente doente. Tentei recuperar o tempo perdido, mas infelizmente não me chegou.
Morreu a única avó que me restava...ficaram os dois avós. 
O avô, com quem vivi praticamente desde que nasci, que sempre se rodeou dos 8 filhos, que perdeu a mulher tão cedo, que me ensinou tanto do que sei hoje, que me mostrou que o respeito pelo próximo é fundamental, adoeceu. Em dois meses envelheceu dez anos. Em dois meses a doença sugou-lhe a vida. Em dois meses, também ele morreu...ficou apenas um avô!
O avô que ficara sozinho agora, jamais voltou a ficar. Vejo-o mais agora do que antes. E ainda bem! Vou tendo tempo para lhe mostrar o quão importante é para mim, como a sua presença faz toda a diferença na minha vida!
Os irmãos-tios, voltaram a sê-lo! Parecem unidos e as zangas do passado parecem ter sido apenas o guião de uma novela da TVI, que tem sempre finais felizes. A família reúne-se mais vezes, cumprindo o desejo dos que já partiram. 
Uma família está sempre em constante mudança. Talvez por ser sinónimo de vida...e vida é feita de mudança! Nem sempre as mudanças são positivas e entristece-me que só depois de perdermos alguém é que fazemos alguma coisa para mudarmos a nossa vida. A morte de alguém muito próximo pode trazer o que de melhor temos para dar...mas muitas vezes traz também o que de pior existe em nós!


3 comentários:

  1. Engraçado ler este texto. Parece que estás a descrever a minha família, com a excepção de que ainda tenho os meus avós comigo. Mas sei o que é um natal com 20 pessoas e, de repente, por circunstâncias da vida de cada um, passamos a ter um natal aos grupinhos pequeninos. Para mim tudo o que seja menos de 8 pessoas, nem sabe a Natal.
    Lamento pelos teus avós e felicito-te pela ternura que transborda neste texto. A família, é sempre a família.
    Beijinho grande querida Su.

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  2. apesar desses acontecimentos todos ao menos houve um final feliz para muitos, a união da familia.
    jé eu tenho uma familia grande mas metade não fala com outra metade e não me parece que isso vá mudar.

    bjokas

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  3. Querida Imagina, começo a achar que as famílias são todas muito parecidas! Aproveita os teus avós ao máximo enquanto os tens, sem nunca deixares para amanhã para dizer ou fazer alguma coisa. O amanhã é incerto e pode nunca chegar! Beijinhos e obrigada por me leres.

    *C*inderela, espero que a união não seja passageira. Lamento quanto à tua família, mas quem sabe um dia tudo não tomará um curso diferente? Beijinhos muitos e tantos!

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